domingo, 14 de setembro de 2014

Transições

A efemeridade da vida terrena me assusta.
E me tranquiliza...
Apego-me, prendo-me, hipnotizo-me.
Quando menos espero, tudo se foi.
Ou melhor, quase tudo.
Atenho às memórias remanescentes de uma vida com
início, meio e fim.
Recomeça-se o ciclo.
Com ele, nova vida e novas memórias.
A sensação do recomeço é tão assustadora quanto a tal efemeridade.
Passado o instante de adaptação, vem o êxtase,
o prazer de se acondicionar na nova jornada,
nesse momento pós introspecção.
Mostrar-se ao mundo um novo eu,
com cicatrizes do velho e indícios do próximo.
Talvez com os mesmos erros, tropeços
mas com uma forma distinta de encará-los.
Não há como apagar o que já foi escrito no roteiro da vida,
porém com novos personagens,
novas histórias serão elencadas para essa peça real,
sem cortes, sem regravações,
com o imenso tesão de ser o protagonista.
Sim, somos os mais importantes em nossos contos
e precisamos aceitar os coadjuvantes,
porque o brilho solitário esmaece; o coletivo, transborda.
Vem, mundo, eleva-me à renovação.
Desgruda-me do velho eu e coloque-me no caminho do próximo que,
ansiosamente, aguarda sua chegada triunfal.

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