segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Carta de Desabafo

Ser fadado à solidão...
Pensar que por maior que seja a quantidade de pessoas ao nosso redor, sempre nos sentiremos sós. Porque quando mais quero a presença de alguém, mais sinto distantes.
Pelo menos nos restam artefatos que nos permitem sofrer e rir do sofrimento, até porque se assim não for, fatalmente enlouquecemos.
Isso é que dá gostar de pessoas, ser dependente delas.

Há muito eu senti um dom (pelo menos disseram que era).
Sempre me viram como um ser confiável, ombro amigo, conhecedor das palavras certas nos momentos certos.
Ouvi elogios, agradecimentos, pedidos.
Na maior parte das vezes egoistas.

O que pude fazer senão ouvi-los? Cumpri bem meu papel social.
Eu estava, estive, estou ali, a qualquer hora do dia, noite, domingo ou feriado.
No celular, redes sociais, em casa, na rua.
Na medida do impossível.

Mantive-me forte, sadio.
Até porque como ajudar alguém se você se portar como um fraco.
Adquiri uma profissão: Psicólogo da Vida.
Sem formação acadêmica, baseada apenas em experiências e opiniões.

Eu simplesmente deveria agradecer.
Todavia, um pequeno detalhe não me permite: Eu.
Cuidei de tanta gente que acabei não tendo tempo de olhar para mim.
Como eu estava, estive, estou.

Passaram-se alguns anos dessa misteriosa vida.
Ganhei elogios, agradecimentos, pedidos.
Outro dia, ouvi um que me deixou pensativo.
Tirei alguém da vala.
Sabe o que isso me custou? Jogar-me mais para a minha própria.

Esse sabor que corre nos meus lábios
Só me permite escrever mais.
Desabafo em palavras, em dores
Quando tudo o que eu precisava era de um "Daniel" para mim assim como eu sou para os outros.

Terapias, rémedios, conversas
Sinto que aos poucos as pessoas melhoram.
Ao passo que eu decresço.
Se assim tiver que ser,
Vejo-me fadado a solidão.

Não tenho o hábito de postar em meu nome
Tampouco quero pena, dó.
Confessar sentimentos é só para extravasar
E não um mero conto melodramático.
Quero gritar, ouvir um eco.
Quero meu eu forte, de antes, no corpo de agora.

Faltam-me forças... Faltam-me pessoas... Ainda falta.

Um comentário:

  1. http://historiasdamariabonita.zip.net/arch2006-06-01_2006-06-30.html#2006_06-25_20_11_42-100043539-0
    "Pacotinho de felicidade

    Era uma vez uma fadinha. Uma fada sorridente, uma fada alegre, uma fada que cantava mal e dançava muito, uma fada livre.

    Certo dia, um pacote bem grande, bem cheio, bem leve, foi entregue a essa fada. Dentro do pacote haviam muitas sementes de felicidade. Algumas daquelas sementes, ela bem sabia, germinariam, assim como muitas outras seriam só sementes, só uma breve esperança de planta.

    A essa fadinha foi dada a incumbência de semear com cautela, mas com abundância. O recado era esse mesmo: semeie muito, mas não semeie em qualquer lugar.

    E a fadinha começou, sorridente, a espalhar umas sementinhas, andando por aí. Por sorte, a maioria das sementes parecia propensa a gerar belas árvores.

    Acontece que, preocupada em semear muito e semear certo, a fadinha parou de dançar, parou de cantar... Andava sempre pensativa, cabisbaixa, maquinando planos e analisando idéias. E de repente a fadinha percebeu que, de todas aquelas sementes de felicidade, nenhuma era dela. E a fadinha da felicidade ficou triste, triste, triste..."

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