quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A punição de (um) ser humano

Ontem planejei um dia diferente.
Quis inovar, quebrar um pouco da rotina (apesar de gostar de uma rotina).
Queria fazer amor de um jeito especial, como nosso relacionamento é para mim.
Dei uma leve arrumada no quarto, desempoeirei o porta vela para deixar o ambiente à meia luz.
Separei dezesseis músicas selecionadas uma a uma, todas para climatizar o momento.
A de morango, também já estava ao alcance (porque apimentar também faz parte. Risos).
Os chocolates, coloquei-os à vista.
Estava tudo planejado, inclusive como prepararia a situação do abate.
Entraríamos para o banho e, sorrateiramente, eu voltaria ao cafofo para aprontar tudo.
Porém, algo que não estava nos meus planos, aconteceu...

Fui lhe encontrar para fazer surpresa, como há muito eu não fazia.
Você veio com um olhar cansado. Notório.
Beijamo-nos e caminhamos lado a lado.
Dessa vez, eu economizei palavras, para não estragar esse momento.
Ao chegarmos, seu cansaço parecia maior. Era maior que de muitos outros dias.
Então previ uma mudança de planos. Preferi não falar nada e acariciar suas costas, enquanto, dessa vez, seu cansaço não lhe fez deitar em meus braços.
Assim ficamos por alguns minutos.
E continuei em silêncio porque não queria lhe importunar com as minhas perguntas de preocupação, como você já conhece muito bem.
Excesso de zelo.
Mas fiquei a lhe observar, a lhe namorar com os olhos, a lhe admirar, como gosto de fazer...
Não mais que repente, ouvi: "Para de ficar olhando pra mim, Amor. Você sabe que eu não gosto! Parece que faz de teimosia..."
Nesse instante, senti meu coração pela boca, meus olhos plenos de lágrimas.
Saí à francesa, dizendo que iria ao banheiro.
Fui chorar longe do seu olhar.

Você trocou de roupa, notou o bombom e o degustou. Chocolate faz um bem enorme, né? (Risos)
Mas, ao deitar, você ficou para o outro lado da cama e permanecemos em silêncio.
Silêncio apenas verbal porque, em minha mente, longos diálogos já tinham sido feitos.
Olhei para você como quem implorava pelo seu carinho naquele momento.
Você veio, após ser solicitado, e seu abraço de sempre não veio junto, aquele me conforta, que só você tem e sabe como. Envolvente.
Pedimos comida, comemos e algumas palavras mas, o silêncio maior ainda continuava, apesar da TV ligada (aprendi também com você que se não temos o que falar, não há problema em ficarmos calados, não é?).
Você lavou as louças como de costume, escovou os dentes e voltou para o cafofo.
Preparamo-nos para dormir, cada um à sua maneira.
Virei-me para você e você parecia desviar o olhar.
Desestruturei-me completamente e voltei os olhos para a TV.
Levantei-me para escovar os meus.
Ao deitar novamente, procurei seus olhos com os meus, observando atentamente sua face, com um olhar tão triste como o meu.
E, quando me perguntou "O que foi?", parecia ser o código.
Desabei-me em prantos, procurando seus braços que ainda não havia tido naquela noite.
Você, com toda sua preocupação por mim, insistia em perguntar o que houve e eu não tinha forças para falar.
Não preciso de muito, contento-me com pouco, só que naquela noite, o pouco que eu precisava era o toque. Eu estava carente, abalado com meus problemas, desestabilizado.

Depois de uma breve conversa esclarecedora, desliguei a TV, coloquei as músicas (aquelas músicas), você virou para o seu lado, abracei-lhe.
Nossas mãos se entrelaçaram e, aos poucos, eu (você) me acalmava.
Sentia a ponta dos seus dedos deslizarem por sobre os meus, com o som ao fundo, enquanto eu olhava o céu, num pós chuva, escuro e nublado.
Você se virou um pouco, despediu-se com um beijo de boa noite e retomou sua posição.
Não sei se dormiu antes de mim, mas fiquei a lhe observar, enquanto sentia cada letra, cada melodia.
Assim se foram alguns minutos, acredito que quase uma hora, até eu cair no sono...

Hoje, pela manhã, enquanto você tomava seu banho, preparava-nos o café.
Ao sentarmos, perguntou-me se eu estava melhor. E eu estava.
Você me disse, depois de se aprontar para o trabalho, que não precisava que eu acompanhasse, mas era a minha chance de lhe ter perto por mais um tempo (Obrigado pelo abraço longo e caloroso).
No caminho, conversamos um tanto e eu lhe sentia novamente, meu Amor.
Despedimo-nos, voltei o cafofo e cá estou.

Ontem pude sentir que feliz é um estado e não uma condição. Até porque em todo esse tempo de namoro, eu estou feliz ao seu lado mas, há muito tempo, a tristeza não me tomava daquela maneira. E é por isso que o ser humano não é perfeito na essência da perfeição. Estamos em constante aprendizado e conhecimento um do outro, novas descobertas, novas situações. Ao conversar com um conhecido, disse a ele que, no relacionamento, todo dia é dia de novidade, seja boa ou ruim. É assim que temos construído esse namoro. Peço desculpas também por ter descarregado essa energia que tem me tomado nos últimos dias. Estou muito confuso, meio perdido e, como tenho em você meu porto seguro, depositei demais em você nessa noite. Posso parecer dramático, rancoroso, mas sou apenas observador e apaixonado. Espero que continuemos a tentar entender como cada um é (e não, não fico a lhe observar por teimosia. É só admiração mesmo, mas vou me policiar. Risos). De tudo isso, só consigo enxergar o quanto eu lhe amo e pretendo lhe amar.

Que seja eterno enquanto dure,
que dure eternamente.

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