terça-feira, 3 de abril de 2018

Turbulência


Desconstrua meus conceitos. Reconstrua meu ser!

Era apenas mais um por do sol, ou pelo menos era para ser. O rolê, estranho – com gente esquisita, talvez – propiciou visões diferenciadas, abordagens incomuns, percepções de um outro cotidiano.

Um olhar felino, penetrante, causa nudez. Da alma. Despiu-se e ornou-se de análises que foram de encontro aos princípios já instaurados. Cada semblante denota emoção. Cada detalhe encanta; nosso canto. Perdi-me no brilho; achei-me num vasto mundo onde as palavras demonstram o poder da persuasão. Recíproco, desde o primeiro contato.

Mais tarde, cada encontro, nova despedida. A mente viraria a chave. Uma noite intensa de quebra de paradigmas. Este corpo, aqueles corpos, permeiam você, caçam você – e tantos outros. E sempre retorna. Como se naquele momento, a segurança da aventura estivesse em meus braços. Experiência antropológica. Uma mulher entra em cena e fuzila o pensar. Representa o novo, representa-“nus”. Essência, por detrás das máscaras sociais.

Que a vida possibilite experimentações, nuances, toques... Que algumas horas possam desordená-lo. Que não falte tempo para a intensidade. Embarquemo-nos sempre no balanço da maré baixa, no tormento das águas fortes...

Sinta a vida. Seja você. Permita-se.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Inúmeros deslizes

Você, meu "amigo", que diz meias verdades
são um perigo essas metades.
Leio-te nas entrelinhas, no seu olhar,
vejo no amar dos outros contigo.

Sinto-te distante, obscuro, algoz, cruel,
eu me curo nas palavras de mel.
A doçura da escrita, do desabafo
é como abafo a dureza dos pensamentos torturantes.

Vejo-te diferente, não mais como antes.
Recorrente, atuo agora na sua vida como coadjuvante.
Essa peça real, sem cortes, sem edição,
faz meu coração ser julgado pela minha mente.

Deixo-me quieto, inquieto, deslocado.
Como um objeto, fico no mocado.
A esperar uma valia, um uso.
E confuso, aguardo o próximo afeto.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Vítimas da circunstância

Alimente-se de algo que lhe supra a alma.
Deguste com o sorriso no olhar.
Preencha os lábios com os mais doces sabores.
Porque o amargor da vida se encarregará de contrastar.

Deleite-se e deixe a sensação do estômago
como a de centenas de borboletas a voar.
Sinta em cada mordida
a plenitude do paladar.

Os temperos são inúmeros.
A cozinha está repleta de opções.
A saciedade momentânea não mata a fome.
Então não viva de migalhas.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Você está encontrando com você mesmo?

Há momentos em que a gente só quer chorar.
Faltam forças...
Os gritos que ecoam na cabeça perturbam. Desconstroem e se reconstroem de inúmeras maneiras confusas. As discussões que acontecem no cenário cerebral consigo mesmo são dolorosas. Contudo, a verbalização se dá só na imaginação. A gente internaliza. E isso dói profundamente.
Logo se percebe que o caminhar está lento, muitas curvas sinuosas, alguns retornos talvez. Tem-se sucessos, conquistas mas, por vezes, são subjugados pelo peso do sofrimento. Sofrimento esse que vem de todos os âmbitos, seja profissional, pessoal, amistoso, amoroso... Em qualquer uma de suas vertentes, o ser mistura tudo e desaba(fa) na primeira lacuna, na primeira janela disponível. Volta-se para o interior e reflete os danos. Mais uma vez, estaca zero, nada resolvido e um buraco no peito.
Dor.
Os conflitos decorrentes do cotidiano dilaceram e a gente se perde. Uma infinidade de visões vêm sobre as atitudes e a gente se desestabiliza, tenta rever e chega a canto algum. A gente olha ao redor e enxerga muitos como a gente. E compartilha, e vê outras opiniões, e não encontra soluções. A gente suprime os problemas, se cala. Cita-os, outrora, acreditando na resolução, mas só se percebe que deve aprender a conviver com eles. Pois outros sempre estarão engatilhados para surgirem quando esses forem aparentemente resolvidos (ou engolidos). Os que entalam, sempre voltam, nem sempre de maneira agradável ou aceitável.
A cada novo dia, novas indagações. A gente acorda procurando vivenciar um dia melhor que o anterior. A cada acordar, a gente olha no espelho e espera visualizar uma aparência razoável para encontrar o mundo lá fora. Mas, e no mundo aqui dentro, a gente tem se encontrado?

domingo, 14 de setembro de 2014

Transições

A efemeridade da vida terrena me assusta.
E me tranquiliza...
Apego-me, prendo-me, hipnotizo-me.
Quando menos espero, tudo se foi.
Ou melhor, quase tudo.
Atenho às memórias remanescentes de uma vida com
início, meio e fim.
Recomeça-se o ciclo.
Com ele, nova vida e novas memórias.
A sensação do recomeço é tão assustadora quanto a tal efemeridade.
Passado o instante de adaptação, vem o êxtase,
o prazer de se acondicionar na nova jornada,
nesse momento pós introspecção.
Mostrar-se ao mundo um novo eu,
com cicatrizes do velho e indícios do próximo.
Talvez com os mesmos erros, tropeços
mas com uma forma distinta de encará-los.
Não há como apagar o que já foi escrito no roteiro da vida,
porém com novos personagens,
novas histórias serão elencadas para essa peça real,
sem cortes, sem regravações,
com o imenso tesão de ser o protagonista.
Sim, somos os mais importantes em nossos contos
e precisamos aceitar os coadjuvantes,
porque o brilho solitário esmaece; o coletivo, transborda.
Vem, mundo, eleva-me à renovação.
Desgruda-me do velho eu e coloque-me no caminho do próximo que,
ansiosamente, aguarda sua chegada triunfal.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

A mim

Encare-me nos olhos.
Observe-me.
Perceba-me através de minh'alma.
Envolva-me com um sorriso.
Sinta-me com o toque da mão.
Deite-me ao teu lado.
Sussurre-me algumas palavras ao ouvido.
Abrace-me forte.
Cante-me uma canção.
Acalente-me em teu aconchego.
Pegue-me forte.
Vire-me do avesso.
Deslize-me.
Realize-me.
Viva-me.

Apaixone-se.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Lágrimas

Hoje eu chorei. De alegria, de raiva. Chorei de tristeza, de felicidade...

O vazio e a plenitude tomaram conta de mim. Pois tento lutar contra e o mundo insiste em investir a favor. É uma liberdade de mãos e pés atados.
Ouvi uma música. Todos os dias, alguma música. Canto para me desencantar e o meu encanto vem com o seu olhar. O semblante, não mais o mesmo, preenche, junto com as lembranças, sua saída fugaz, repentina e gradual.
O que resta são as doces ilusões de um sonho, faces de pessoas desinteressantes. Tornei-me uma delas, desinteressante. Elegante, retorno ao espaço que me conforta, fugindo do pensar.
Prendo-me às palavras confusas que permeiam a folha de papel. Lá fora, a vida continua, sem brilho, presenteada pela beleza da Lua, companheira noturna, vezes cheia, outras pela metade, algumas nula, sem estar totalmente ali. Minha fase é essa, tal qual esmaecida.

Hoje eu chorei de amor...